Semana Nacional e Dia Mundial visam conscientizar sobre a importância de doar o alimento e estimular o aleitamento materno.
Com o slogan ‘Um pequeno gesto pode alimentar um grande sonho: doe leite materno!’, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) celebram o Dia Mundial de Doação do Leite Humano, em 19 de maio. Na mesma data, o Brasil também realiza a Semana Nacional de Doação do Leite Humano. Ambas as iniciativas têm como objetivo sensibilizar a sociedade para a importância da doação e estimular o aleitamento materno.
Segundo dados da OMS, o leite humano é capaz de reduzir até 13% de mortes evitáveis em crianças menores de cinco anos de idade, protege contra diarreias, infecções respiratórias e alergias, e reduz o risco de desenvolvimento de hipertensão, colesterol alto, diabetes e obesidade na vida adulta. “O leite humano é considerado um alimento completo para bebês até seis meses de vida, que não precisam sequer de água neste período”, afirma a nutricionista Adrianne Machado, do Departamento de Ciências e Pesquisas da Yakult do Brasil.
O alimento contém carboidratos, proteínas, lipídeos, vitaminas, minerais, imunoglobulina A (principal anticorpo que fornece proteção contra infecções nas mucosas), enzimas (proteínas que têm como função regular as reações metabólicas que acontecem nas células) e interferon (proteínas com função imunorreguladora), além de fatores moduladores de crescimento. Os ácidos graxos são o macronutriente mais variável no leite humano e têm um papel reconhecidamente importante no desenvolvimento físico e cognitivo da criança.
No estudo ‘Os ácidos graxos do leite materno e sua importância no desenvolvimento da linguagem em crianças prematuras’, publicado em 2013 no Journal of Human Growth and Development, pesquisadores investigaram a relação entre o aleitamento materno de prematuros com a cognição e o desenvolvimento motor e da linguagem. Os resultados mostraram que o leite humano, a partir da primeira semana pós-parto, apresentou proporção elevada de ácidos linoleico: alfa-linolênico, que foi positivamente associada com medidas de linguagem receptiva.
A amamentação também é um fator de fundamental importância para a colonização microbiana no intestino humano logo após o nascimento. No estudo ‘Key bacterial taxa and metabolic pathways affecting gut short-chain fatty acid profiles in early life’, pesquisadores do Instituto Central Yakult, em Tóquio, mostraram que a microbiota intestinal inicial tem perfis distintos dos adultos, e sua diversidade em composição e função aumenta ao longo dos primeiros anos de vida. “Os autores destacaram, ainda, que a amamentação tem sido associada ao desenvolvimento de uma microbiota com domínio de Bifidobacterium, que favorece a diminuição do pH intestinal e impede a multiplicação de microrganismos patogênicos, contribuindo para menor incidência de diarreia”, sinaliza a nutricionista da Yakult.
Para avaliar se a duração da amamentação estava associada ao quociente de inteligência (QI), anos de escolaridade e renda, pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, desenvolveram o estudo ‘Association between breastfeeding and intelligence, educational attainment, and income at 30 years of age: a prospective birth cohort study from Brazil’. Lançado em 1982, o estudo registrou informações sobre amamentação na primeira infância de 3,5 mil recém-nascidos. Quando completaram 30 anos, os pesquisadores avaliaram o QI, a escolaridade e a renda dos participantes e concluíram que a amamentação estava associada a um melhor desempenho em testes de inteligência três décadas depois do nascimento, aumentando a escolaridade e a renda na idade adulta.
Bancos de leite
O Brasil lidera a Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH), composta por 24 países da América Latina, Europa e África. Além disso, mantém a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, uma iniciativa do Ministério da Saúde por meio do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz (IFF/Fiocruz). A ação envolve coleta, processamento e distribuição do leite para bebês prematuros ou de baixo peso que não podem ser alimentados pelas próprias mães, e também apoio e orientações para estimular o aleitamento.
O Brasil tem a maior e mais complexa rede de bancos de leite humano do mundo, com distribuição de aproximadamente 160 mil litros anualmente para recém-nascidos de baixo peso internados em unidades neonatais. No total, são 228 bancos de leite humano distribuídos por todos os estados brasileiros, e 240 postos de coleta. Outras informações pelo https://portal.fiocruz.br/banco-de-leite-humano.