Após um ano difícil tanto para produtores, como para a indústria, 2024 promete ser um ano de estabilidade e avanço gradativo no consumo. O leite brasileiro agradece
Por: Erika Ventura
Relatório divulgado pelo Rabobank Brasil, mostra que o equilíbrio entre oferta e demanda de leite deve melhorar no próximo ano. Com importações menos competitivas e demanda mais consistente, o resultado deve colaborar para que as indústrias preservem suas margens em 2024.
De acordo com Andres Padilla, F&A Research Specialist de Lácteos, Bebidas e Celulose do banco Rabobank Brasil, o ano de 2023 foi muito desafiador para a indústria. Foi difícil prever o preço do leite, pois passamos por um momento bem atípico. “Normalmente temos um aumento sazonal do preço no meio do ano, mas esse ano em função das importações e do aumento da disponibilidade do leite com menor demanda interna, o preço começou a recuar a partir de maio, então tivemos um ano atípico pensando na curva de preço e isso mudou bastante o planejamento da indústria”.
Segundo Padilla, o mercado todo errou nas projeções no final do ano passado. Esperava-se uma demanda um pouco mais firme e o mercado acreditava que como a economia em 2022 havia crescido 3%, 2023 também seria um ano de crescimento, com inflação e desemprego recuando. Juntando esses dois fatores, o consumidor teria um pouco mais de folga para voltar a consumir mais.
Apesar do crescimento econômico, e da queda do desemprego, ao avaliar os dados, a renda das famílias ainda está atrasada com o que tínhamos em 2019, principalmente comparada ao preço dos alimentos que acumulam alta de mais de 30% no periodo. Além disso, em 2023 não houveram programas adicionais de transferência de renda, não houve uma injeção de recursos adicional que pudesse refletir na alta do consumo.
O que podemos esperar para 2024
“Estamos um pouco mais otimistas, o consumo deve ser um pouco maior, desemprego deve continuar caindo, e com os juros um pouco menores, devemos sentir um impacto positivo no consumo final. Quanto às importações, não se prevê um cenário com surpresas de alta como foi este ano. O preço internacional está se recuperando com oferta crescendo menos em várias regiões exportadoras. Com o preço internacional um pouco mais alto, o Mercosul volta a ser mais competitivo para exportar para África e em outros mercados importadores, com isso a Argentina deve ter menos incentivos para colocar o leite no Brasil como foi neste ano. Portanto devemos ter um cenário de importações mais estáveis. A oferta no Brasil deve avançar 1% a 2%, o custo de produção está um pouco menor e os grandes produtores de leite estão crescendo, melhorando sua produtividade”, conclui.