A robótica ocupa hoje uma posição especial e estratégica dentro das organizações e no mercado. Isso porque robôs colaborativos (também chamados de cobots) projetados para trabalhar com humanos estão sendo usados
Vale a pena notar que a taxa de adoção corporativa da robótica está acelerando e o ritmo deve quadruplicar até o final de 2023, conforme a pesquisa da BlackRock.
O presidente da ABII, José Rizzo Hahn Filho, que atua na área de automação industrial há mais de 25 anos, fala sobre as perspectivas e tendências desse mercado. Vale ressaltar que não é somente a adoção de cobots que vem crescendo, o mercado dos robôs móveis autônomos (também chamados de AMRs) ganha cada vez mais espaço. E sobre isso já temos conteúdos especiais publicados nos canais da associação:
Entenda o que são robôs móveis autônomos, seus aspectos de uso e aplicações
1º Seminário Nacional de Robótica Móvel Autônoma
Mercado de robótica brasileiro
De acordo com Rizzo, o Brasil fica muito atrás de países como Coreia do Sul, Japão e Estados Unidos no mercado de robótica. Para o especialista, ainda temos muito trabalho braçal humano que causa lesões e é insalubre, porque para muitas empresas é mais barato contratar mão de obra do que investir em tecnologia.
Menciona também que a indústria automotiva é a maior usuária de cobots no país. Hoje, porém, existe uma política mundial de aumentar o nível de automação fabril por parte de corporações multinacionais e, com isso, os robôs surgem como uma possível solução de aplicação.
Nesse sentido, também observa que o desenvolvimento do mercado da robótica não significa substituir a força humana por máquinas. Os robôs vieram para apoiar as operações da fábrica e permitir que os profissionais se concentrem em atividades complexas.
Aplicação de cobot: Brasil e outros países
O Brasil não é diferente de nenhum outro país, quando se trata de usar robôs colaborativos. Os cobots são usados
O que chama a atenção, porém, é que os robôs aqui são considerados mais caros do que, por exemplo, nos Estados Unidos, devido às realidades da economia e das taxas de câmbio distintas, aponta Rizzo. “O que deu muito certo aqui no país foi o conceito de robô como serviço desenvolvido pela Pollux, em que o cliente não precisa comprar um robô, mas alugá-lo por mês ou hora”, comenta.
Assim, as indústrias podem alugar robôs capazes de atender às suas necessidades temporárias, quando surgem demandas de fabricação em larga escala.
O cobot no contexto da indústria 4.0
A indústria 4.0 prega muita flexibilidade, e não apenas os cobots, mas todas as famílias de robôs seguirão esse caminho, tornando as fábricas mais flexíveis e capazes de processar e fabricar automaticamente grandes quantidades de produtos, afirma Rizzo.
Segundo ele, os robôs vão realizar tarefas diferentes para cada produto que entra na linha de produção, garantindo a flexibilidade da fábrica.
Vantagens dos robôs colaborativos
Na perspectiva de José Rizzo, os robôs colaborativos podem ser vistos como uma tendência e tecnologia-chave da indústria 4.0.
Trata-se de uma solução para um nicho de aplicações em que não há muito espaço para trabalhadores na fábrica e nem se lida com cargas elevadas transportadas em alta velocidade, ressalta ele. Em sua opinião, os cobots ainda são uma aplicação de nicho, pois representam 5% da base total de vendas de robôs, mas que está crescendo rapidamente, dada as vantagens que oferecem.
Além de mais seguros e humanizados, o presidente da ABII destaca que os cobots têm a vantagem de automatizar tarefas repetitivas existentes nas fábricas por meio de layouts predefinidos. Quando foram lançados, há mais de uma década, havia a promessa de que os cobots seriam mais seguros porque não precisavam ficar isolados dos humanos como os robôs industriais.
Segundo Rizzo, esta é a grande vantagem dos cobots: a capacidade de colaborar com os trabalhadores da fábrica por meio de interfaces abertas. Porém, na prática, isso sempre depende da aplicação industrial em que serão utilizados, alerta ele.
Perspectivas do mercado de robótica para 2024
Setores como automação industrial, indústria e tecnologia estão intimamente relacionados com a situação econômica do país. Afinal, quando a economia está crescendo, as empresas estão mais propensas a investir em novas fábricas e linhas produtivas.
Nesse sentido, Rizzo considera o cenário para 2024 otimista. Em geral, pode-se dizer que praticamente todas as empresas de manufatura estão trabalhando intensamente com suas equipes com a finalidade de adotar os princípios e tecnologias da indústria 4.0, como robótica, automatização, inteligência artificial, Big Data e gêmeos digitais.
Em sua visão, é consenso que não há nenhuma fábrica brasileira hoje que não considere aumentar o grau de automação a ponto de usar robôs. Claro que isso se deve aos benefícios que essa solução traz para o negócio, certo? Veja aqueles listados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI):
- Segurança: processos robotizados tendem a ter menos falhas e melhor segurança. Ao contrário de máquinas mais robustas, os robôs são equipados com sensores que detectam a presença humana, evitando acidentes durante a jornada laborativa.
- Produtividade: a robótica é útil para a produção em larga escala. Nesse sentido, a fabricação em massa pode ser realizada em menos tempo, elevando a produtividade industrial.
- Otimização do trabalho: o capital humano é reaproveitado melhor, já que robôs podem ser usados em tarefas repetitivas. O esforço dos colaboradores é canalizado em atividades mais reflexivas capazes de gerar a melhoria constante da cadeia produtiva.
- Redução de custos: a automação ajuda a melhorar as operações e torná-las mais eficientes, reduzindo custos na indústria.
Acompanhar as perspectivas e tendências do mercado de robótica é essencial para a indústria que busca aprimorar suas operações e sobressair em relação à concorrência.
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A ABII – Associação Brasileira de Internet Industrial, fundada em agosto de 2016, atua com o objetivo de promover o crescimento e o fortalecimento da internet industrial das coisas e da indústria 4.0 (IIoT & I4.0) no Brasil. Coordena um ecossistema com provedores, usuários e especialistas em tecnologia e instituições de ensino. Num ambiente colaborativo reúne empresas protagonistas do mercado e é referência no movimento de transformação digital. Fomenta o debate entre setores privado, público e acadêmico, a geração de conhecimento e o intercâmbio tecnológico e de negócios.
Fonte – ABII