Foram anunciados no fim da tarde desta sexta-feira (28) os primeiros vencedores da ExpoQueijo Brasil – Araxá International Cheese Awards. O evento, realizado no interior de Minas Gerais, é considerado o maior do setor nas Américas e, neste ano, recebeu 1.100 queijos de 14 países no tradicional Concurso Internacional. “Tivemos mais de 200 jurados avaliando os queijos. Eles deram notas de acordo com o aspecto global, cor, textura, odor, aroma, consistência e sabor. Como todo sistema é informatizado, em pouco tempo já anunciamos os primeiros resultados”, ressalta Maricell Hussein, organizadora do evento.
Foram anunciados os queijos premiados com Ouro, Prata e Bronze. O resultado já pode ser conferido no site www.expoqueijobrasil.com.br.
O produtor rural Pietro Luiz Miranda Marvule, do estado de São Paulo, vai voltar para casa com duas medalhas de prata. “É o reconhecimento do trabalho durante o ano e a certeza de que estamos no caminho certo. Não podemos deixar de falar também que muda a comercialização. A gente coloca agora o selo na nossa embalagem porque sabemos que tem pessoas que procuram queijos de qualidade em todo Brasil e, vendo que o nosso foi premiado aqui na ExpoQueijo, com certeza, teremos mais pessoas procurando”, aposta.
Neste sábado (29), a partir das 16h, será revelado o prêmio de Super Ouro.
Trabalho e treinamento
Os jurados de cada uma das fases do Concurso Internacional não se repetem. Todos participaram de um treinamento, coordenado pela equipe da EPAMIG – Instituto de Laticínios Cândido Tostes (EPAMIG ILCT), vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa). “Certamente ajuda a nivelar entre os jurados como vai ser o trabalho. É bom que todos falem a mesma língua para que façamos realmente justiça ao trabalho daquele produtor durante todo o ano para estar aqui”, ressalta Danilo Gomes, veterinário da Secretaria de Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul.
De forma geral cada jurado provou e deu notas para até 20 queijos. “Um jurado não deve avaliar mais do que 20 amostras porque perde a sensibilidade. Fixamos esse número porque atingimos o objetivo de ter 1.100 amostras”, explica o chefe-geral da EPAMIG ILCT, Sebastião Tavares de Rezende.
A degustação é às cegas e segue a metodologia usada nos principais concursos internacionais. Os queijos recebem um QR Code e são catalogados de maneira a garantir que nenhuma informação relevante seja acessível aos jurados durante a avaliação. “Atuo no estado de São Paulo com produtores de queijo, então, vir para cá acompanhar o concurso, essa celebração que existe, isso reflete no dia a dia do produtor. É muito importante a valorização do produto, a divulgação que isso dá. As pessoas hoje sabem valorizar um pouco mais o queijo artesanal e acho que muito por causa dos concursos”, afirma o administrador Guilherme Campos.
Experiência inédita
Uma mesa redonda e um laboratório sensorial didático reuniram mais de 150 pessoas nesta sexta-feira (28) no Fórum Internacional da ExpoQueijo Brasil.
Foram degustados oito queijos do mesmo lote de preparação, produzidos na região do Serro. Dois desses queijos foram maturados na fazenda de origem e os outros foram enviados, após três dias de produção, para a cooperativa do Serro e para dois maturadores em diferentes regiões de Minas.
A intenção foi analisar a influência do terroir nos queijos com denominação. “Tudo o que você tem em volta, tudo o que está no entorno desse queijo enquanto ele está maturando, o queijo reconhece isso e daí ele modifica seu formato físico e sensorial. Você tem mais proteólise ou menos proteólise dependendo do manejo que você faz com esse queijo. Isso é extremamente importante para entendermos, e as pessoas devem vir conhecer o que é maturar um queijo fora do ambiente de origem dele”, diz o consultor Elmer Almeida, que conduziu a mesa redonda.
Segundo o consultor, as diferenças entre os queijos maturados em diferentes regiões foram grandes. “A gente viu que onde há mais umidade e baixa temperatura, há uma proteólise muito mais intensa, o que muda muito o gosto do queijo, tornando-o amargo. Enquanto o maturado em temperatura ambiente e em lugares onde há entre 18º e 25º graus Celsius e umidade natural de 50% a 60%, o queijo fica mais seco, perdendo mais umidade para o ambiente. Então, isso confere a ele uma textura diferente e também um sabor diferente. Mostrando esses dois lados, o excesso de umidade com baixa temperatura resulta em um queijo diferente daquele que é maturado com baixa umidade e temperatura mais elevada”, explica.