12º SBSBL aborda qualidade do leite e inovação em produtos lácteos

12º SBSBL aborda qualidade do- leite e inovação em produtos lácteos

Especialistas apresentaram os impactos da Contagem de Células Somáticas (CCS) na qualidade do leite, exigências do mercado e novos produtos que têm sido desenvolvidos para o consumidor

A eficiência na produção do leite desde o campo até a indústria é imprescindível para garantir qualidade e trazer mais lucratividade para o setor. A médica veterinária Mônica Oliveira Pinho Cerqueira e a engenheira agrônoma Luciana Saboya abriram a programação do 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), na tarde desta terça-feira (7) trazendo novas perspectivas sobre o tema. Realizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o evento vai até esta quinta-feira (9), no Centro de Eventos, em Chapecó.

Mônica pontuou os impactos da Contagem de Células Somáticas (CCS) na qualidade do leite, fator que está diretamente relacionado ao sistema imunológico e, portanto, à saúde do gado leiteiro. Um dos principais problemas decorrentes da mastit é o aumento de CCS. “A mastite impacta na redução de leite na fazenda, pode afetar a qualidade dos produtos lácteos, mas nós não medimos isso, não temos noção da grandeza que isso representa. Sabemos que há perdas, mas muitas vezes essas perdas passam despercebidas, são invisíveis, e nem os produtores nem a indústria percebem que estão perdendo em rentabilidade”.

Segundo a especialista, desde 2002 até hoje o Brasil tem médias geométricas de CCS muito elevadas no leite. “Estamos falando de médias de 450 a 500 mil células somáticas por ml, então precisamos agir, precisamos mudar esse cenário em função dessas perdas”.

Ao citar exemplos de ações realizadas pelo mundo para reduzir a incidência da CCS no leite, Mônica trouxe como referência o caso da Associação Americana de Melhoramento de Rebanhos Leiteiros e a implementação, nos Estados Unidos, do Dairy Herd Improvement (DHI), que formou um elo entre todos os agentes envolvidos na cadeia produtiva de leite para o controle da CCS.

A criação de políticas públicas com foco no controle de mastite é uma estratégia que o país deve adotar como prioridade para o setor leiteiro. “São necessárias políticas públicas e alinhamento entre todos os elos dessa cadeia produtiva, incluindo a assistência técnica. Precisamos de um programa nacional para o controle da mastite, a exemplo do que fizeram os Estados Unidos, o Canadá e outros países da Europa”, reforçou a médica veterinária. 

NOVOS PRODUTOS

Com um mercado consumidor cada vez mais exigente e também com necessidades específicas no que diz respeito à alimentação, o setor lácteo tem como desafio desenvolver produtos atentos para essas novas demandas. Segundo a engenheira agrônoma Luciana Saboya, hoje o Brasil ocupa a terceira posição entre os produtores mundiais de leite, com uma produção anual de 34 bilhões de litros. “O leite está presente em 98% dos lares brasileiros. Temos que disseminar o valor desse produto, valorizar o leite e estarmos atentos às tendências internacionais para agregar valor ao nosso produto e ressaltar ainda mais seus benefícios”.

Luciana listou alguns cuidados que devem ser adotados para garantir a qualidade do leite cru, desde o momento da ordenha na propriedade, até formas de aumentar a produtividade e eficácia no processamento industrial, bem como a estabilidade do leite longa vida durante a estocagem.

A especialista também apresentou tendências internacionais no mercado de lácteos, com produtos focados no bem-estar do consumidor que, ao mesmo tempo, representam potencial para agregar valor a esta matéria-prima.

Um dos exemplos destes novos produtos que estão chegando no mercado é o leite A2, um que proporciona mais fácil digestão. Em termos de funcionalidade e sustentabilidade, Luciana ainda citou o leite com fibras, cultura probiótica e posbióticos, leite UHT com mais proteína e cálcio, shakes e bebida láctea fermentada com mais proteínas e também apontou para a necessidade de reduzir o açúcar em leites aromatizados. “Com esses exemplos gostaríamos de incentivar a busca por novas tecnologias, para valorizarmos o leite e os derivados dessa cadeia, lembrando sempre que a qualidade é fundamental para tornar o desenvolvimento desses produtos possível”, destacou.

SOBRE O 12º SBSBL

Promovido anualmente pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet), o 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) iniciou nesta terça-feira (7) e segue até quinta-feira (9), no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Neste ano, o evento conta com novidades. Além da 7º Brasil Sul Milk Fair e do 2º Fórum Brasil Sul de Bovinocultura de Corte, o 1º Simpósio Catarinense de Pecuária de Leite à Base de Pasto promovido pela Epagri, também integrará a programação científica do SBSBL. Bem como, o evento estreará a Fazenda do Futuro, realizado pelo Nucleovet e Ecossistema de Inovação de Chapecó, com apoio do Pollen Parque, Deatec/Acate e Sebrae-SC.

APOIO

O 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de SC (CRMV/SC), da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc), da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), da Prefeitura de Chapecó e do Conselho Brasileiro de Qualidade do Leite (CBQL)

Foto – Presidente da comissão científica do SBSBL, Claiton André Zotti, salientou importância dos temas debatidos na programação científica no simpósio (Foto: MB Comunicação).

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